Doenças orificiais são patologias que acometem a região do ânus e canal anal.
Essa região, que compõe o final do intestino grosso, é a responsável pelo armazenamento e controle da excreção, apresentando muitas terminações nervosas e uma vascularização complexa, o que torna os transtornos locais extremamente incômodos, dolorosos e causando frequentemente sangramentos.
Outros sintomas comuns destas patologias são surgimento de saliências no local, coceiras, incontinência fecal e saída de secreção.
Dentre os principais causadores destes sintomas, destacam-se as hemorroidas, fissuras e abscessos, que podem estar associados a fístulas.
Hemorróidas
A doença hemorroidária é a causa mais comum de dor e sangramento na região anal; trata-se de uma dilatação das veias da região e pode ser interna (dentro do canal anal) ou externa.
Suas causas são multifatoriais, tendo um importante componente familiar ou genético, mas podendo também ser ocasionadas pelo estilo de vida e agravadas pela prisão de ventre, constipação intestinal, obesidade e sedentarismo.
Geralmente, as hemorroidas se manifestam durante a evacuação, com a saída dos mamilos hemorroidários e sangue vivo visualizado no vaso ou papel. Quando ocorre a trombose (o entupimento desses vasos sanguíneos), o mamilo hemorroidário fica mais volumoso e endurecido, tornando o problema ainda mais doloroso.
Na maioria das vezes, a doença hemorroidária tem melhora com adoção do tratamento clínico e pomadas locais, além de manutenção do bom funcionamento intestinal com hidratação e uma dieta equilibrada.
Em casos em que o tratamento clínico não surte efeito e ocorre a persistência do quadro, pode ser realizado o tratamento cirúrgico.
Atualmente, dispomos de múltiplas técnicas cirúrgicas e equipamentos que proporcionam melhores resultados e reduzem o desconforto no pós-operatório.
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Fissuras Anais
Outra causa comum de dor na região anal e sangramentos são as fissuras. Tratam-se de feridas localizadas no canal anal, geralmente, causadas por evacuações muito calibrosas ou fezes muito ressecadas, associadas a constipação intestinal e prisão de ventre.
Em alguns casos podem ser ocasionadas também por traumas locais, como no caso de sexo anal sem a lubrificação e/ou preparo adequado por exemplo. Além da dor e do sangramento, é comumente relatado desconforto ao sentar, coceira e ardor no local.
A fissura anal aguda ou inicial, normalmente, apresenta boa evolução, com fechamento da ferida e desaparecimento dos sintomas algumas semanas após o início do tratamento clínico. Este consiste em pomadas tópicas para auxiliar a cicatrização, banhos de assento e manutenção das fezes em um estado mais pastoso, com emolientes fecais.
Por se tratar de um local de difícil cicatrização, muitas vezes, o fechamento da ferida torna-se difícil e demorado mesmo com o tratamento adequado, evoluindo para uma fissura crônica, que na maior parte das vezes necessita de cirurgia. O procedimento consiste em retirada dos tecidos danificados e em alguns casos uma redução do tônus muscular da região por meio de uma remodelação do esfíncter anal.
Abscessos e Fístulas Anorretais
O abscesso anal é uma infecção da pele e tecido subcutâneo da região anal, que se apresenta como um abaulamento doloroso na região anal, muitas vezes, associado a saída de secreção fétida.
Normalmente, esse “caroço” surge devido à inflamação de glândulas da região, o que promove a proliferação de bactérias no local e o acúmulo de pus.
O tratamento dessa patologia é clínico e cirúrgico, consistindo no uso de antibióticos e na drenagem do abscesso.
O diagnóstico deve ser auxiliado por exames de imagem como ultrassom ou tomografia computadorizada para avaliar a extensão do abscesso e programar adequadamente o procedimento cirúrgico.
Boa parte dos abscessos perianais associa-se a uma fistula anal, que consiste em uma comunicação do canal anal ou reto com a pele ao redor do anus, provocando sintomas como saída de secreção, dor e vermelhidão local.
O diagnóstico desta patologia, geralmente, é auxiliado por ressonância magnética. O tratamento é predominantemente cirúrgico, sendo necessário, muitas vezes, mais de uma abordagem para resolução do quadro.
