Descubra neste artigo o que é cirurgia bariátrica, quem pode fazer o procedimento e o que esperar em termos de resultado.
Antes de falar sobre a cirurgia bariátrica, precisamos entender um pouco sobre o que leva milhares de pessoas de todo o mundo a buscar cada vez mais por este procedimento.
Obesidade: os números alarmantes assustam
Cerca de 2,8 milhões de pessoas morrem a cada ano no mundo por causa do sobrepeso ou obesidade, segundo dados da OMS.
E as estimativas futuras não são nada boas.
De acordo com o estudo publicado pela World Obesity Federation, um bilhão de pessoas em todo o mundo viverá com obesidade até 2030. No Brasil, a estimativa daqui a oito anos é que 1 a cada 4 pessoas sofram de obesidade, ou seja, 26% da população.
Se você não quer fazer parte desta estimativa, continue lendo o artigo.
Obesidade: quando procurar ajuda?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, pessoas que possuem IMC (índice de massa corporal) entre 25 e 29,9kg/m² têm sobrepeso e já podem ter sua saúde prejudicada.
À medida que este índice aumenta, crescem também as chances de desenvolver doenças associadas à obesidade, como: hipertensão arterial, diabetes e apneia do sono.
Veja na tabela abaixo a classificação de risco de acordo com o IMC:
Para calcular seu IMC é simples. Basta dividir o seu peso pela sua altura ao quadrado. Veja o seguinte exemplo: Andreia tem 103 kg e sua altura é 1,68 m.
O resultado de 36,49 indica que Andreia tem obesidade grau II. Mas será que este é um indicativo de que Andreia pode fazer a cirurgia bariátrica? Ou você pode estar se perguntando:
Posso fazer cirurgia bariátrica com 90 quilos, por exemplo?
Para responder essa pergunta é preciso avaliar alguns critérios. Continue lendo o artigo para descobrir quais são eles.
O que é cirurgia bariátrica?
A cirurgia bariátrica é um procedimento que faz alterações no sistema digestivo para ajudar pessoas a perderem peso, especialmente aquelas que já tentaram de tudo, mas não conseguem emagrecer.
Mas então, a cirurgia bariátrica serve só para tratar questões estéticas?
Não! O objetivo da cirurgia é modificar o estômago e os intestinos para tratar a obesidade e outras doenças relacionadas, como: diabetes, pressão alta (hipertensão arterial), apnéia do sono, dentre outras, que costumam aparecer à medida que o peso aumenta.
Além disso, a cirurgia bariátrica pode prevenir futuros problemas de saúde, ao proporcionar uma melhora no quadro geral de saúde do paciente.
Quem pode fazer cirurgia bariátrica?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), há quatro critérios a serem analisados para decidir quem pode fazer a cirurgia bariátrica:
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Índice de massa corporal IMC;
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Idade;
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Doenças associadas;
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Tempo de doença.
Em relação ao IMC:
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IMC acima de 40 kg/m², independentemente da presença de comorbidades;
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IMC entre 35 e 40 kg/m² e presença de comorbidades;
- IMC entre 30 e 35 kg/m² na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação “grave” por um médico especialista. Além disso, é obrigatória a constatação de “intratabilidade clínica da obesidade” por um endocrinologista.
Em relação à idade:
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Abaixo de 16 anos: exceto em caso de síndrome genética, quando a indicação é unânime, o consenso recomenda que, nessa faixa etária, os riscos sejam avaliados por 2 cirurgiões especialistas titulares da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e pela equipe multidisciplinar. A operação deve ser consentida pela família ou responsável legal e estes devem acompanhar o paciente no período de recuperação;
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Entre 16 e 18 anos: sempre que houver indicação e consenso entre a família ou o responsável pelo paciente e a equipe multidisciplinar;
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Entre 18 e 65 anos: sem restrições quanto à idade;
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Acima de 65 anos: avaliação individual pela equipe multidisciplinar, considerando risco cirúrgico, presença de comorbidades (doenças associadas) , expectativa de vida e benefícios do emagrecimento.
Em relação ao tempo da doença:
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Apresentar IMC estável há pelo menos 2 anos e comorbidades em faixa de risco e tendo realizado tratamentos convencionais prévios.
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Além disso, ter tido insucesso ou recidiva do peso, verificados por meio de dados colhidos do histórico clínico do paciente.
Como é feita a cirurgia bariátrica?
Se você está procurando por “cirurgia bariátrica tipos”. Saiba que existem vários. Alguns, limitam o quanto você pode comer, pois diminuem o tamanho do estômago. Outros, funcionam reduzindo a capacidade do corpo de absorver nutrientes.
Por isso, a cirurgia bariátrica também é chamada de metabólica. Falaremos mais sobre esse assunto a seguir.
O que importa é que, em ambas, o resultado é a diminuição da fome e aumento da saciedade. E isso contribui para a perda de peso, que é um dos objetivos da cirurgia.
Tipos de cirurgia bariátrica
Embora tenham o mesmo objetivo, há técnicas específicas para cada caso. E isso, só um especialista no assunto, munido de um diagnóstico adequado poderá responder.
Conheça a seguir os tipos de cirurgia bariátrica mais comuns:
Bypass Gástrico em Y de Roux (“RYGB”)
Também conhecida como cirurgia bariátrica bypass, esse tipo de cirurgia é um dos mais comuns e eficazes no tratamento de obesidade.
Nela, o estômago é grampeado e dividido em uma parte superior menor com 30 a 40 ml de capacidade, formando uma pequena bolsa.
O intestino delgado também é dividido, e esta pequena parte é conectada à nova bolsa estomacal para permitir a passagem dos alimentos.
Tanto a parte maior do estômago, quanto uma parte do intestino delgado são inutilizadas, mas não retiradas do organismo.
Como funciona
Como a bolsa do estômago recém-criada é bem menor, há menos espaço para os alimentos. E como o alimento não entra em contato com a primeira porção do intestino delgado, ocorre a diminuição da absorção de calorias/nutrientes.
Mas não é só: a modificação do curso alimentar originada com o encurtamento do trajeto do alimento também contribui para a redução da fome e aumento da saciedade.
Vantagens
- Perda de peso duradoura;
- Diminuição de doenças associadas à obesidade;
- Técnica refinada e padronizada.
Desvantagens
- Um pouco mais complexa quando comparada a outras técnicas;
- Pode causar deficiências de vitaminas e minerais;
- Há risco de obstrução do intestino delgado;
- Há risco de desenvolver úlceras;
- Pode causar enjôos depois de comer ou beber alimentos doces.
Gastrectomia vertical ou cirurgia bariátrica sleeve
Neste tipo de cirurgia, remove-se aproximadamente 80% do estômago. E a sua capacidade, que antes era de até 2 litros, passa a ser de apenas 150 ml.
Ao contrário de outras técnicas, a ligação natural do estômago com o intestino é mantida.
Primeiro, o estômago é liberado dos órgãos ao seu redor. Depois, grampeadores cirúrgicos são usados para remover 80% do estômago, tornando-o muito menor.
O novo estômago tem agora menos capacidade de reter alimentos e líquidos, ajudando a reduzir as calorias ingeridas. Com isso, também se reduz grande parte do hormônio da fome.
Em consequência disso, a saciedade aumenta e fica mais fácil alcançar e manter um peso adequado, bem como controlar os níveis de açúcar no sangue.
Vantagens
- Tempo de cirurgia ligeiramente mais curto;
- Pode ser realizado em pacientes de alto risco;
- Promove uma perda de peso efetiva e melhora as condições relacionadas à obesidade.
Desvantagens
- O procedimento é irreversível;
- Pode causar ou piorar quadros de refluxos ou azia;
- Tem menos impacto no metabolismo em comparação com outros procedimentos.
Derivação biliopancreática com desvio duodenal (BPD-DS)
Este procedimento é feito em duas partes: primeiro cria-se uma bolsa estomacal tipo “sleeve”, como na gastrectomia vertical. Depois, desvia-se uma grande parte do intestino delgado.
Após a criação da bolsa, a primeira porção do intestino delgado é separada do estômago. Uma parte do intestino delgado é então conectada à saída do novo estômago de modo que, quando o paciente come, o alimento passa pela bolsa e vai direto para o trecho final do intestino delgado.
Com o estômago menor, os pacientes passam a comer menos do que comiam antes. Além disso, o alimento não se mistura com o suco bilio-pancreático. Isso diminui significativamente a absorção de calorias e nutrientes, como as proteínas e gorduras.
Essa técnica interfere nos hormônios intestinais mais do que outras, reduzindo a fome, aumentando a saciedade e melhorando os níveis de açúcar no sangue.
Vantagens
- Está entre as técnicas que oferecem os melhores resultados para controle da obesidade;
- Causa menos fome e mais saciedade depois de comer;
- É o procedimento mais eficaz para o tratamento do diabetes tipo 2.
Desvantagens
- Oferece maiores taxas de complicações do que outros procedimentos;
- Pode causar deficiências de vitaminas e micronutrientes;
- Pode causar ou agravar casos de refluxo e azia;
- Aumenta os movimentos intestinais;
- Procedimento mais complexo, que exige mais tempo de cirurgia.
Desvio Duodeno-Ileal de Anastomose única com gastrectomia vertical (SADI-S)
É o procedimento mais recente a ser endossado pela Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Embora semelhante ao BPD-DS, o SADI-S é mais simples e leva menos tempo para ser executado, pois há apenas uma conexão intestinal.
A cirurgia começa da mesma forma que na gastrectomia vertical (“sleeve”)l, deixando o estômago menor, em formato de tubo. Então, a primeira parte do intestino delgado é dividida logo após o estômago.
Após isso, uma alça do intestino é medida a vários metros de sua extremidade e é conectada ao estômago. Esta é a única conexão intestinal realizada neste procedimento.
O alimento passa pela bolsa criada e vai direto para a última porção do intestino delgado. A comida então, se mistura com os sucos digestivos da primeira parte do intestino delgado e isso permite a absorção de vitaminas e minerais.
Esta técnica ajuda na perda de peso e na diminuição da fome. Além de promover saciedade e controlar os níveis de açúcar no sangue.
Vantagens
- Muito eficaz na perda de peso a longo prazo e remissão do diabetes tipo 2;
- Mais simples e rápido do que o BPD-DS, porque faz uma conexão intestinal apenas;
- Opção para quem já fez uma cirurgia e quer perder mais peso.
Desvantagens
- Há menos absorção de vitaminas e minerais do que na gastrectomia vertical;
- Técnica nova, ainda sem comprovação de resultados a longo prazo;
- Maiores chances de desenvolver ou agravar o refluxo.
Cirurgia bariátrica: complicações tardias
Embora a cirurgia bariátrica seja um procedimento seguro e traga inúmeros ganhos relacionados à saúde, algumas complicações podem surgir a longo prazo, como:
- Obstrução intestinal;
- Síndrome de dumping, que leva a diarréia, rubor (vermelhidão), tontura, náusea ou vômito;
- Cálculos biliares;
- Hérnias;
- Hipoglicemia;
- Desnutrição;
- Úlceras;
- Vômito;
- Refluxo ácido;
- A necessidade de uma segunda cirurgia.
Vida após a cirurgia bariátrica: o que esperar?
Como já falamos anteriormente, há alguns riscos relacionados à cirurgia, mas os benefícios são inúmeros. Veja a seguir o que esperar após a cirurgia bariátrica:
- Você estará quase totalmente recuperado no período de 1 a 6 semanas;
- É possível perder entre 25% e 90% do excesso de peso que você tinha antes da cirurgia;
- Cura total ou melhora significativa de muitos problemas de saúde relacionados à obesidade;
- Você sofrerá mudanças significativas na sua dieta;
- Mudanças boas e ruins podem acontecer no relacionamento com amigos e família.
Agora que você já conhece os tipos de cirurgia bariátrica disponíveis, como é feita e o que esperar após o procedimento, chegou a hora de saber quanto custa uma cirurgia bariátrica. Continue conosco:
Cirurgia bariátrica: valor
O valor da cirurgia bariátrica vai depender muito da região do país onde se vai realizar o procedimento, e também do nível de experiência do cirurgião.
Cirurgia bariátrica: preço
Em média, o valor da cirurgia bariátrica particular hoje no Brasil fica entre R$ 20 mil e R$ 40 mil.
Esses valores correspondem não só ao procedimento cirúrgico, mas também a todos os custos que o procedimento envolve, como: exames pré-operatórios, consultas com equipe multidisciplinar, internação, anestesia e medicamentos.
Qual médico faz cirurgia bariátrica?
O cirurgião capacitado para realização deste procedimento é o especialista em cirurgia do aparelho digestivo e/ou cirurgia geral (que também realizam procedimentos de retirada da vesícula – colecistectomia -, hérnias da parede abdominal, refluxo gastroesofágico, dentre outros).
Aqui vão algumas dicas para você escolher o seu cirurgião:
- Pesquise sobre o profissional no Conselho de Medicina;
- Verifique se é membro de órgãos, como a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCM) ou o Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD) por exemplo;
- Pesquise sobre a experiência do profissional (quantidade de cirurgias realizadas);
- Conheça a credibilidade da clínica onde o profissional atua;
- Busque por depoimentos de pacientes.
E, uma última dica é: agende uma consulta!
Ninguém melhor do que um profissional habilitado para tirar todas as suas dúvidas em relação ao procedimento.
Além disso, é na consulta que você alinha expectativas, entende mais sobre o procedimento e avalia questões como: pré-operatório, condições de risco, recuperação e o que esperar em termos de perda de peso e saúde em geral.
Se você está buscando por cirurgia bariátrica em São Paulo, não deixe de conhecer a Clínica Vitálica.
Somos uma clínica multidisciplinar especializada em Doenças do Aparelho Digestivo e Metabólicas.
Nosso corpo clínico é formado por especialistas recomendados e capacitados a oferecer a melhor experiência ao paciente que precisa de cirurgia bariátrica.